== CIÊNCIA E TECNOLOGIA ==
Pesquisadores britânicos criam autópsia 'não-cirúrgica'
Pesquisadores da Universidade de Leicester, na Grã-Bretanha desenvolveram um novo método de autópsia que dispensa a necessidade de grandes procedimentos cirúrgicos.
A técnica envolve o uso de um aparelho de tomografia computadorizada (TC) e uma pequena incisão no pescoço e até agora obteve 80% de acerto na determinação da causa da morte.
Um exame de autópsia convencional requer que o corpo seja aberto cirurgicamente para que os órgãos sejam examinados, o que não é permitido por alguns grupos religiosos e pode gerar estresse para a família.
Fase de testes
Os pesquisadores decidiram usar tomografia computadorizada para procurar traumas, fraturas e evidência de câncer em todo o corpo, mas ainda é necessário fazer o corte no pescoço para examinar o coração mais profundamente.
Um catéter é inserido até chegar ao órgão, que é então injetado com ar e depois com um contraste. A TC é então utilizada para verificar a existência de doenças cardíacas.
Até o momento, a nova técnica foi testada em 33 corpos e continuará a ser testada ao longo deste ano.
"Esta é uma abordagem completamente diferente de uma autópsia", disse à BBC a dra. Sarah Saundres, que lidera o estudo.
"A primeira coisa que precisamos é de uma base significativa de provas científicas para convencer nossos colegas patologistas e legistas de que uma autópsia por tomografia computadorizada oferece exatamente a mesma informação que uma autópsia tradicional."
Várias técnicas alternativas de autópsia estão sendo testadas em várias partes do mundo, mas a dra. Saunders alega que o método da Universidade de Leicester é mais rápido e barato que outras abordagens.
Escâner e avaliações em crianças podem apontar 'tendência de comportamento violento'
Segundo pesquisadores, o escaneamento do cérebro e avaliações precoces podem ajudar a identificar e tratar esses traços e a prever problemas de conduta.
Para Nathalie Fontaine, professora assistente de justiça criminal da Universidade de Indiana, “crianças com altos níveis de traços de falta de empatia (callous-unemotional) e problemas de conduta entre 7 e 12 anos tendem a desenvolver hiperatividade e a viver em um ambiente caótico”. Isso, diz ela, é um risco potencial para a psicopatia em adultos.
“Se identificarmos essas crianças cedo, podemos ajudar a elas e a suas famílias” a prevenir comportamentos severamente antissociais, declarou Fontaine na conferência, segundo apresentação obtida pela BBC Brasil.
O jornal The Daily Telegraph cita estudos do professor e criminoligista britânico Adrian Raine que apontam que criminosos e psicopatas têm áreas do cérebro – como a amídala e o córtex pré-frontal – reduzidas.
Essas áreas controlam nossos impulsos, nossa cooperação social e nossas noções de moral.
Raine disse na conferência em Washington, segundo o Telegraph, que a ausência do medo da punição, que pode ser medida em bebês, também seria um indicativo de futuros comportamentos antissociais, e defende a importância de medições que identifiquem isso.
Riscos e ética
Fontaine, no entanto, enfatizou que suas descobertas não significam que algumas crianças com falta de empatia necessariamente se tornarão delinquentes, mas que a identificação precoce desses traços pode ajudá-las a lidar com o risco de comportamento antissocial.
Para ela, punições podem não ser eficazes para lidar com o problema. Uma possível solução é reforçar o comportamento positivo dessas crianças, em vez de castigar o negativo.
A pesquisadora examinou dados de mais de 9 mil gêmeos nascidos na Grã-Bretanha entre 1994 e 96, e cerca de um quarto deles apresentou níveis altos ou oscilantes de empatia.
De acordo com a apresentação de Fontaine, níveis ascendentes de falta de empatia estão associados a mais problemas comportamentais ao longo do crescimento.
Os dados analisados por ela indicam que os traços de falta de empatia derivam, na maioria das vezes, de influências genéticas, principalmente em meninos. Mas, no caso das meninas, fatores ambientais parecem exercer influência significativa.
Por isso, ela faz a ressalva de que suas conclusões se beneficiariam de avaliações desses fatores ambientais ou de risco, como negligência ou abuso infantil.
Segundo o Telegraph, a conferência abordou também as implicações éticas de se tratar crianças antes que elas tenham de fato feito algo errado, mas, para Raine, as causas biológicas do comportamento não podem ser ignoradas.
“Temos que buscar as causas do crime tanto nos níveis biológicos e genéticos como nos sociais”, disse o especialista.
Fonte: BBC BRASIL
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