A BANALIZAÇÃO DO CRIME

Publicado em 17/04/11. Republicando.
É lamentável que a imprensa paraibana use a desgraça alheia para colher audiência. É lamentável que na hora de contratar um profissional, a opção seja contratar “sucesso” e não talento.
Programa policial na tv paraibana virou briga por IBOPE, com sangue derramado e famílias em lamentação constante, seja porque o filho se meteu na criminalidade, seja porque morreu na esquina.
O programa da tv Correio, da Arapuã, da Tambaú, da Clube, etc, não têm utilidade pública nenhuma, banaliza e aumenta a sessão de violência, trata bandido como estrelas de TV e fatura alto em cima da desgraça alheia.
Circula na Internet um artigo, supostamente assinado pela nutricionista Elaine Oliveira que, mesmo não tendo a certeza da autoria e não a conhecendo, resolvi publicar trechos de seu texto, pois concordo com as colocações postas:
...A TV paraibana nunca foi tão ridicularizada. As mortes transmitidas das 12 às 13h, que já era prato principal do almoço de muitos paraibanos "vidrados" no correio verdade agora estão do jeito que o jornalismo imprudente sempre sonhou: as pessoas riem da desgraça alheia e a bandidagem ainda vira melô, hit musical...
...Tratados como "amigos" (já que são a audiência), os criminosos até gostam das brincadeiras, afinal de contas, nem é assim tão grave o que eles fazem...
Samuka Duarte, Emerson Machado ( Mô- fi), Marcos Antonio (O Águia), Josenildo Gonçalves (O Cancão da Madrugada) e toda a equipe de edição do Correio Verdade conseguem, dia após dia, tornar animadas as refeições de paraibanos que não se importam em almoçar frente às cenas de corpos perfurados e poças de sangue humano. Creio que não conseguem, com a mesma eficácia, tornar menos dolorosa a sina de uma mãe que sente a dor de ter um filho que agora é presidiário, de parentes de uma criança que morreu acidentalmente ou de um pai, que vê seu filho destruído pelas drogas, morto e servindo de audiência para um programa de humor negro chamado Correio Verdade.
Quanto mais pessoas se conscientizarem dos "pequenos" males que nos envolvem com graça e alguns risos com gosto de sangue, mais chance teremos de exercer e usufruir daquilo que chamamos de cidadania. Merecemos mais respeito.

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