Bullying: educando para a tolerância


O fato de o tema "bullying" estar sendo discutido no âmbito escolar e na mídia de maneira aberta certamente contribuirá para o reconhecimento e denúncia de casos, e para a tomada de medidas preventivas.

O bullying é definido como um conjunto de atitudes e atividades repetidas, intencionais e agressivas, com objetivo de causar sofrimento a alguém, físico e/ou emocional. É entendido como ameaça, opressão, intimidação e humilhação, quase sempre associada a maltrato. O termo deriva da palavra bully, que, em inglês, significa brigão ou valentão.
Existe hoje também o bullying virtual (ou “ciberbullying”) em que, por meio da internet e das redes sociais, as agressões são praticadas. Se não houver a intervenção do adulto na atitude do agressor, a tendência é de fortalecimento desse comportamento e a formação de um adulto intolerante.

Pode acontecer em qualquer idade, porém, é na infância e na adolescência que se manifesta de forma mais importante, especialmente no convívio escolar. Ocorre também em todas as classes sociais indistintamente. Segundo a educadora Cléo Fante, é uma das formas de violência que mais cresce no mundo.

É preciso caracterizá-lo bem, e não tratar as divergências do cotidiano como práticas de bullying. Segundo Telma Vinha, doutora em Psicologia Educacional e professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), para ser considerada bullying a agressão física ou moral deve apresentar quatro características: a intenção do autor em ferir o alvo, a repetição da agressão, a presença de um público espectador e a concordância do alvo com relação à ofensa. Muitas vezes subestimado, esse ato pode trazer consequências à formação futura de quem pratica e de quem sofre.

É preciso entender o bullying. Mas não como algo normal, uma brincadeira de criança, inocente e sem maldade. Os maus-tratos, humilhações e constrangimentos não são inócuos. Desprezá-los ou não valorizá-los não é o melhor caminho. É preciso distinguir ou reconhecer o perfil do agressor: normalmente são crianças ou jovens com dificuldade em ceder, muitas vezes intransigentes e com comportamentos preconceituosos. Já no perfil do agredido, costumamos encontrar a timidez, a baixa autoestima e o comportamento passivo como marcas de sua personalidade.
Mas o que os pais podem fazer a respeito desse assunto? Segundo a orientadora educacional Silvana Leporace, é fato que a convivência com as diferenças promove conflitos variados, e somente utilizando estratégias respeitosas é que podemos chegar a uma solução para eles. É muitas vezes na escola que as diferenças aparecem, e é preciso aprender a conviver com elas, de forma respeitosa e tolerante.

Aliás, exercer a tolerância é uma prática muitas vezes esquecida até pelos pais, que frequentemente no seu comportamento diário, sem perceber, dão aos filhos exemplos de intolerância e preconceito.

Pais e escola devem buscar sempre uma postura construtiva, baseada no respeito ao próximo e na tolerância com as diferenças. Quem sabe assim saberemos, com a educação, preparar nossos filhos para uma convivência harmoniosa.

Por: Dr. Renato Kfouri. Pediatria

Fonte: Editado pelo blog do site http://www.atmosferafeminina.com.br

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