AH! VENCEMOS A COPA
POR: GILVAN FREIRE
Este artigo integrará o futuro livro:
‘PREVISÕES POLÍTICAS DE UM VIDENTE CEGO’
E-mail: gilvanfreireadv@hotmail.com
É
na amargura que se conhece o sabor da vitória, quando ela ainda é possível. Às
vezes, a própria amargura é uma vitória custosa, porque pode significar a
libertação de um mal que aflige, que tortura, que atormenta. Quase ninguém
sofre em vão, a não ser no sofrimento que leva à morte, ou porque não tem cura
ou porque o sofrimento consumiu as esperanças e afugentou a paz. Há, contudo
horas em que a gente procura a amargura, ou se deixa levar a ela: a gente cai
no abismo, ou por displicência, ou porque se deixou arrastar pelas emoções ou
pelas aparências.
É
o caso da Copa. Fomos ludibriados, enganados, e nos deixamos dominar pelos
golpes de uma poderosa indústria multinacional que vendeu ilusão ao nosso
espírito – uma espécie de simpatia para aliviar nossas tensões e inquietações.
Montaram um circo virtual e nos alugaram, por poucos dias, uma fantástica
máquina de brincadeiras que nos tirava do trabalho duro e nos fazia relaxar na
ilha da fantasia. Quando nos demos conta, estávamos de volta à realidade
pesada, com os mesmo problemas de antes e nenhuma solução. Venderam-nos água
com açúcar dizendo que era pura vitamina vegetal, e nós nos encantamos com a
doçura. Agora, sim, precisamos de água com açúcar para nos recuperarmos do
choque e sairmos da amargura.
Não
parece correto que, à procura de culpados, responsabilizemos os jogadores e
Felipão. Eles, como nós, somos todos bonequinhos de fantoche nas mãos de um
fantástico esquema econômico-financeiro que fabrica festas caras e explora as
emoções do povo. A Seleção, afinal, foi a possível, somente para compor o
cenário e sustentar o espetáculo até próximo do fim. Boa ou ruim, essa Seleção
foi encomendada para cumprir um papel. E o papel foi cumprido, não com o
tamanho que poderia e deveria ter, mas com o tamanho que lhe deram no fabrico
de laboratório, segundo o script.
No
real, a Copa desmanchou-se durante a exibição do show. Como a queda do trapézio
no circo, assustou e frustrou a plateia que estava tão envolvida no palco que
esquecia as suas agruras. O espetáculo parou e o circo está levantando as
lonas.
Melhor
assim. Não há mais como evitar os prejuízos e recuperar os produtos levados
pela gatunagem que armou o bote e sangrou os cofres públicos na elaboração
desse plano bilionário de entretenimento que enfeitiçou o Brasil e alienou os
brasileiros. Foi tudo uma ilusão de ótica, puro colírio de televisão.
Superar
esse golpe de gangsteres nacionais e internacionais é a única forma de a gente
ganhar a Copa: deletando da memória.
Fonte: http://www.wscom.com.br/