Palio X Sandero: compactos duelam nas versões “mil”
Após
a reestilização de meia vida, em junho passado, Sandero, hatch da marca francesa viu suas vendas
decolarem. Em novembro agora, foram 8.067 emplacamentos contra 10.262 do rival
da Fiat – marca surpreendente. Mas, afinal, o que fez o Sandero embalar? Alguns
dirão que foi o design, a evolução do interior, o painel que ganhou charme e
soluções mais funcionais.
Nos
últimos cinco meses, o Sandero foi a sensação, o carro que mais avançou nas
vendas entre os compactos da faixa dos R$ 30 mil. E o Palio? Ah, a velha
geração (de 1996) já não esboçava reação há tempos. Vinha literalmente fazendo
o “feijão com arroz”, brigando ali na relação custo/benefício. Dessa forma, a
montadora italiana não podia mais esperar: promoveu a maior mudança da história
do seu hatch compacto (tão querido e rentável). O Palio simplesmente mudou por
completo, deixando plataforma, desenho e todo o resto no passado. E a pergunta
é: será o Sandero capaz de rivalizar com o novo Palio?
Comparando
o Palio com o Sandero no quesito espaço, a briga fica desonesta. O hatch
compacto da Renault tem proporções de carro médio. Só o entre-eixos, por
exemplo, já indica a diferença: são 2,59 metros do Sandero contra 2,42 m do
Palio (17 centímetros a menos). O porta-malas também é privilegiado, com 318
litros versus 292 litros do Fiat, ambos aferidos por Autoesporte. O principal
problema do Sandero é a simplicidade. Mesmo com os retoques estéticos, seu
painel e o revestimento interno são bem mais modestos. Além disso, a lista de
equipamentos é consideravelmente menor. É um carro mais basicão.
Relações
custo/benefício
Apesar
de serem rivais diretos, sobretudo após a renovação do Palio, os dois hatchs
compactos guardam grandes diferenças quando o assunto é preço versus lista de
série. Comparado ao Renault, o modelo da Fiat fica muito mais sofisticado à
medida que o volume de opcionais cresce. Ao mesmo tempo, o Palio parte de baixo
em relação ao Sandero Expression avaliado: tem preço inicial de R$ 30.990,
enquanto o adversário começa em R$ 31.590. No entanto, da forma como chegaram à
redação de Autoesporte (completos), tudo muda. O Palio vai a salgados R$ 41.793
e o Sandero, a R$ 38.700.
Ou
seja, na prática o hatch da Fiat pode ser muito mais caro. Mas o modelo da
Renault é muito mais simples, ficando a escolha a critério do freguês. Levando
em consideração que este comparativo traz as versões equipadas com motores de
1.0 litro, tanto Palio quanto Sandero ficam salgados para o bolso. A diferença
é que o Fiat parece mais refinado, muito por causa do belo e estiloso painel e
a lista de equipamentos mais sofisticada. É possível instalar, por exemplo,
sensores de luminosidade e de chuva, abertura elétrica da tampa traseira no
escudo da Fiat e um sistema de som de melhor qualidade.
Sem
opcionais, Palio Attractive e Sandero Expression vêm quase "pelados"
de fábrica; direção hidráulica é de série nos hatchs e o Fiat traz computador
de bordo e sistema Follow me home, que mantém as luzes acesas por alguns
segundos
Impressões ao volante
Briga
de carros “mil” é sempre angustiante. Primeiro porque as diferenças de potência
e torque são quase sempre mínimas. Segundo, porque os desempenhos não empolgam.
Com Palio e Sandero, vale a tese. Em performance, ambos deixam a desejar. O
Renault, por exemplo, tem um pouquinho mais de força sob o capô. Seu bloco 1.0
16V flex produz 76/77 cv (gasolina/etanol) a 5.850 rpm e 9,9/10,1 kgfm de
torque aos 4.350 giros. No Fiat, o motor 1.0 8V flex gera 73/75 cv aos 6.250
rpm e 9,5/9,9 kgfm a 3.850 rotações, na mesma ordem. Só que o Palio pesa 999 kg
e o Sandero, 1.025 kg.
Para
fazer o tira-teima, só observando os números de teste. As diferenças, claro,
são mínimas. Para arrancar de 0 a 100 km/h, o Palio levou longos 18,5 segundos,
mais que os 17,4 segundos feitos pelo Sandero. Já nas retomadas de 60 km/h a
100 km/h em 4ª marcha, a vantagem muda de lado: o Fiat levou 14,4 segundos
contra 17,5 segundos do Renault. Os consumos de ambos (com etanol) empolgam
mais. Na cidade, deu empate com ótima média de 9,1 km/l. Na estrada, o Palio
fez 10,2 km/l contra 12,6 km/l do Sandero. E os consumos mistos foram
razoáveis, 9,6 km/l e 10,7 km/l, na ordem.
Ao volante, as dimensões maiores do Sandero
sempre deixaram o modelo em vantagem sobre os compactos do segmento, em geral.
O hatch da Renault tem as bitolas (distância entre as rodas do mesmo eixo) mais
largas, o que favorece a estabilidade – faz com que a carroceria incline menos.
O Sandero tem um equilíbrio dinâmico e um ajuste acertado da suspensão,
deixando o conjunto mais macio sem comprometer o equilíbrio. Diante do Palio
antigo, o Sandero era indiscutivelmente superior no aspecto.
O
novo Palio está consideravelmente mais firme sobre o asfalto e faz curvas sem
inclinar tanto como antes. O rodar em retas também está mais equilibrado, com
respostas mais diretas aos movimentos do volante. O endurecimento das molas só
compromete um pouco o conforto quando se trafega por pistas muito castigadas.
Nesse quesito, o Sandero é melhor, mais suave e estável. Mas o Palio tem um ajuste
melhor da direção e diverte mais o condutor.
O
Fiat é visualmente mais moderno e refinado. Mas, apesar do ambiente simplório,
não há como negar que o Sandero é superior em conforto, especialmente em
relação ao espaço interno e à suspensão. O hatch da Renault também possui maior
robustez física. O Palio é mais elegante e atlético. Mas o ponto determinante
no comparativo foi a direção mais divertida e precisa do Palio. A Fiat
conseguiu refinar a estética do hatch e também a engenharia.
Fonte:
Revista Auto Esporte