Para Nobel de economia,
Brasil precisa investir mais na educação dos primeiros anos
O Prêmio Nobel de Economia
James Heckman afirmou nesta terça-feira (25) que o Brasil “precisa investir na
educação dos primeiros anos e nas regiões mais carentes”. Segundo o professor
da universidade de Chicago, investir no início da vida escolar diminui o
trabalho de “remediar o ensino mais tarde”. O catedrático fez uma palestra na
manhã desta terça (25) em São Paulo.
De acordo com o professor, é
mais fácil reverter uma situação que acontece na fase da adolescência e na
idade adulta, do que na infância. Por isso, a importância de oferecer uma
educação de qualidade logo nos primeiros anos de vida. “Teremos sucesso em
intervenções na adolescência também, mas na infância é melhor”, afirmou.
Heckman também falou sobre o
papel da motivação para garantir um melhor aprendizado. “Crianças altamente motivadas aprendem melhor
e têm mais conhecimento. A motivação afeta também a velocidade com que irão
aprender”, disse o professor.
Para ele, as escolas podem
estimular os alunos mostrando a relação do que eles aprendem na sala de aula e
a profissão pretendida para o futuro: “Se a criança quer trabalhar na
construção civil ou ser engenheiro, tem que perceber que precisa ir bem nas
aula de computação na escola, por exemplo”. E a motivação é uma via de mão
dupla, pois os professores reagem melhor a uma criança mais motivada, segundo
Heckman.
"Vivemos em uma época
em que os testes se tornaram um padrão para avaliar as escolas e os indivíduos",
comentou o Nobel de economia. "Esses testes são utilizados, mas não são
tão bem entendidos. O importante também é o que eles deixam de fazer."
Segundo o professor, os testes padronizados, como a Prova Brasil e o Enem, não conseguem captar as competências
não-cognitivas. Ou seja, capacidades como a sociabilidade ou coeficiente de
neurose em um indivíduo. "Quero dizer que quando falamos em competências,
precisamos ir além, a vida é muito rica e precisamos entendê-las",
concluiu Heckman.
Para ele, a escola está
muito focada no desempenho acadêmico dos alunos -- e esse tipo de conhecimento, sozinho, não
garante uma vida feliz. Aliás, Heckman ressaltou a importância da definição de
que tipo de sociedade pretendemos alcançar. O que é ser feliz nessa sociedade?
Sem essa baliza, na opinião dele, fica difícil determinar os rumos dos nossos
sistemas educacionais.
"Se tivermos um foco só
no resultado final, vamos perder a finalidade dos testes escolares, que é
avaliar todo o processo", afirmou Heckman. "Temos que tomar cuidado
com aquilo que medimos." Para o professor, não existe ainda um jeito de
mensurar a totalidade do trabalho da escola.
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